Tendinite calcárea:
A tendinite calcárea no ombro é caracterizada
pelo depósito de sais de cálcio (hidroxiapatita) nos tendões da coifa dos rotadores e
pode ser uma causa de dor no ombro.
É mais comum acometer pacientes do sexo feminino entre 30 e 50 anos de vida e, é mais comum ocorrer do lado direito. Entre 35 a 45% dos casos o paciente nada sente e o tendão mais comumente acometido é o supra-espinal. Essas calcificações podem ser classificadas por seu tamanho e forma e por sua localização.
Existe uma predisposição pessoal para o
desenvolvimento de depósitos de cálcio, mas para ocorrer tal formação, deve
haver uma alteração vascular local, o que faz com que haja uma alteração
química no interior do tendão e isso leva a deposição de cálcio.
A clínica varia conforme a fase em que se encontra o depósito de cálcio. Na fase aguda o paciente pode apresentar uma dor forte, de localização inespecífica e irradiação para a inserção do músculo de litoide. Contudo ao palpar o ombro é possível localizar o ponto exato de dor do paciente e é possível observar uma limitação da mobilidade articular pela dor. Na fase crônica os sinais e sintomas são os da Síndrome de Impacto do Ombro.
O Diagnóstico se faz pelo exame de Raio X, mas
a Ressonância Magnética é importante para se descartar uma eventual lesão do
tendão, assim como saber, corretamente, a relação entre o depósito de cálcio e
espessura do tendão.
O tratamento também depende da clínica do paciente. Se esse apresenta dor, analgésicos podem ser indicados, assim como crioterapia, repouso, e fisioterapia. Além disso, se estiver na fase de reabsorção do depósito (fase aguda), a aspiração desse depósito pode ser indicada e, geralmente, traz um grande alívio ao paciente. O tratamento cirúrgico pode ser indicado para os casos crônicos, em que os pacientes apresentam sintomas de síndrome de Impacto e que, eventualmente, não melhoram com o tratamento não cirúrgico (fisioterapia, mudanças na atividades da vida diária). No tratamento cirúrgico, o objetivo é retirar esse depósito de cálcio e, particularmente, eu gosto de realizar a acromioplastia junto com a retirada do depósito. Esse procedimento é feito por meio da artroscopia e, geralmente, os resultados são muito bons.
Sindrome do Impacto
O que é síndrome do impacto?
Este foi o termo criado pelo Dr. Charles Neer,
na década de 1970, para designar o conjunto de alterações clínicas e anatômicas
decorrentes do impacto entre o tubérculo maior do úmero e o acrômio, causando
compressão dos tendões da coifa (manguito) dos rotadores
e da bursa subacromial.
Como ocorre a síndrome do impacto?
A articulação do ombro normal se faz entre a
cabeça do úmero e a glenoide, que é uma parte da escápula. Os tendões da coifa (manguito) dos rotadores se inserem em
duas proeminências ósseas adjacentes à cabeça umeral, chamadas de tubérculos
maior e menor. Quando o espaço entre o acrômio e o tubérculo maior está
reduzido, os tendões (notadamente, o supraespinal) são comprimidos, o que pode
levar à inflamação, desgaste e ruptura dos mesmos. Além disso, a bursa
subacromial, que cobre os tendões, também torna-se inflamada, levando à
bursite.
Por que ocorre a síndrome do impacto?
Vários fatores podem causar a síndrome do impacto, entre os quais os mais importantes são a forma do acrômio e a realização de atividades repetidas com o ombro em posição inadequada.
De acordo com sua curvatura, o acrômio pode ser classificado em 3 tipos: reto (tipo I), curvo (tipo II) e ganchoso (tipo III). Sabe-se que a maior parte da população tem o acrômio tipo II. Acredita-se que quanto mais curvo o acrômio, maior a chance de impacto subacromial e, consequentemente, de ruptura do manguito rotador. Com o desgaste dos tendões e ligamentos do ombro, um esporão (entesófito) forma-se na ponta do acrômio, podendo comprimir ainda mais os tendões e a bursa.
Pessoas que realizam atividades repetidas com
as mãos acima da cabeça estão sob maior risco de desenvolverem síndrome do
impacto, bem como aquelas que executam outras tarefas com o ombro abduzido (um
pouco “aberto para o lado”) por longo período.
Quais são os sintomas da síndrome do impacto?
O principal sintoma da síndrome do impacto é
dor no ombro. Caracteristicamente, a dor piora muito à noite, ao deitar. Também
piora durante movimentos para levantar o braço e aos esforços. Na maior parte
dos casos, a dor não se localiza apenas no ombro, mas também na região lateral
do braço (deltoide).
Como tratar a síndrome do impacto?
Nas fases iniciais, o paciente é tratado com medicamentos anti-inflamatórios e fisioterapia. O resultado deste tratamento costuma ser muito bom e, desde que sejam feitas correções de atividades trabalhistas e/ou desportivas inadequadas, são também duradouros.
Alguns pacientes com estágios mais avançados podem necessitar de modalidades mais agressivas de tratamento, como infiltração ou até mesmo artroscopia do ombro.
ARTROSE
ACRÔMIO-CLAVICULAR
A artrose acrômio-clavicular caracteriza-se
por ser um processo degenerativo (desgaste articular) que se instala na “ponta”
da clavícula, justamente onde esta “ponta” se articula com outra proeminência
óssea, chamado acrômio (abaixo).
E QUAIS SÃO AS CAUSAS DESTE PROBLEMA?
A artrose acrômio-clavicular tem causa multi-fatorial, embora alguns de seus fatores causais sejam bem conhecidos.
O próprio envelhecimento pode levar ao desenvolvimento de uma fenômeno degenerativo (desgaste) na articulação acrômio-clavicular e, não raro, estes quadros ocorrem em conjunto com a presença de lesões do manguito rotador (inflamação dos tendões do ombro).
Todavia, um histórico de muita atividade física, especialmente se o esporte praticado envolve atividades mais intensas com os braços, como tênis ou vôlei, é sabidamente um fator de risco para o desenvolvimento da artrose acrômio-clavicular, embora este problema possa ocorrer, também, em indivíduos sedentários.
Ainda, a artrose acrômio-clavicular pode
ocorrer como consequência de um trauma prévio, no ombro.
E QUAIS SÃO OS SINTOMAS?
A artrose acrômio-clavicular tem um quadro
clínico bastante típico, e se manifesta principalmente por dor na “ponta da
clavícula” (figura abaixo), dor esta que, via de regra, piora com esforços, e
que também pode incomodar muito o paciente durante o sono.
O diagnóstico dessa condição é clínico,
embora, em alguns casos, haja a necessidade de solicitarem-se alguns exames
complementares, incluindo radiografias e ressonância magnética.
E SOBRE O TRATAMENTO?
O tratamento inicial da artrose
acrômio-clavicular é quase sempre clínico, envolvendo medicação, fisioterapia,
e inclusive infiltrações na articulação, as quais, via de regra, funcionam
muito bem (abaixo).
Todavia, em alguns casos, onde o processo inflamatório e degenerativo da articulacão é mais intenso, o tratamento cirúrgico, feito através de artroscopia (com uma câmera de video), pode ser utilizado, consistindo o mesmo na remoção da ponta da clavícula.
Os resultados do tratamento artroscópico da
artrose acrômio-clavicular são, em geral, excelentes, sendo esta uma cirurgia
não só minimante invasiva, como também de rápida recuperação.
CAPSULITE ADESIVA DO OMBRO
A capsulite adesiva é uma inflamação da cápsula da articulação do ombro denominada. Ela apresenta três fases: inflamação, congelamento e descongelamento.
Na fase de inflamação o paciente costuma
apresentar uma dor muito intensa na região do ombro que pode irradiar para o
braço. Movimentos simples do dia-a-dia acabam sendo prejudicados e muitas vezes
o diagnóstico pode ser confundido com outras patologias do ombro que também
causam dor, como as lesões do manguito rotador, tendinite calcárea, entre
outros.
Na segunda fase da capsulite adesiva a
cápsula articular se torna menos elástica e mais espessa. Como ela envolve a
dobradiça que é o ombro, ele acaba “congelando” gerando uma perda da
mobilidade. Os pacientes apresentam dificuldade para realizar movimentos como
fechar o soutien, pegar a carteira no bolso de trás da calça ou objetos em
prateleiras mais elevadas, etc. Essa
fase é chamada de congelamento e por isso a capsulite adesiva é também
conhecida como ombro congelado.
Por fim, na fase de descongelamento a
cápsula articular retoma a sua elasticidade habitual e o paciente aos poucos
vai readquirindo a movimentação normal do ombro.
Como é feito o seu diagnóstico?
O diagnóstico da capsulite adesiva é
clínico, ou seja, a partir de uma boa anamnese (história clínica do paciente) e
do exame físico, já é possível chegar ao seu diagnóstico. No entanto, alguns
exames complementares podem ajudar para excluir diagnósticos diferenciais como
lesão da coifa dos rotadores, artrite e/ou artrose do ombro, tendinite
calcárea, entre outros.
Entre os exames complementares, a
radiografia (RX) do ombro na capsulite adesiva não costuma apresentar
alterações. Já na ressonância nuclear magnética (RNM), as alterações podem ser
muito
Por que a capsulite adesiva acontece?
Apesar de a maioria dos casos de capsulite
adesiva ocorrer sem uma causa específica, algumas doenças podem estar
relacionadas com esse quadro, sendo que a diabetes é a mais comum – os
pacientes diabéticos têm até 4 vezes mais chance de desenvolverem a capsulite
adesiva do que a população geral.
Abaixo algumas doenças que podem estar
relacionadas com a capsulite adesiva:
• diabetes
• doenças
cardiovasculares
• trauma
• infarto
do miocárdio
• discopatias
cervicais
• imobilização
prolongada
• doenças
da tireóide
Quando a infiltração para o tratamento
da capsulite adesiva está indicada?
A capsulite adesiva pode durar de meses a
anos e a dor costuma ser muito intensa principalmente na fase inicial. Nessa
fase (inflamação), caso as medicações prescritas não sejam suficientes para
controlar a dor do paciente, uma infiltração intra-articular com corticóide no
ombro pode ser realizada.
Já nos casos em que o paciente apresenta
uma rigidez articular importante e sem ganho significativo da mobilidade, a
infiltração pode ser realizada seguida de uma manipulação do ombro. Essa
manipulação tem como objetivo romper a cápsula articular sem cirurgia e
acelerar assim o processo de descongelamento.
Como é feita a infiltração para o tratamento da capsulite adesiva?
A infiltração intra-articular do ombro, ou
seja, a colocação de medicamento dentro da cápsula articular, pode ser feita no
próprio consultório médico com anestésico local. Ela pode ser realizada com o
auxílio de um aparelho de ecografia para uma maior precisão no procedimento e o
medicamento de escolha para o tratamento da capsulite adesiva é o corticoide
por ter um alto poder anti-inflamatório.
Contudo, na fase de congelamento a
manipulação articular após a infiltração é feita com o doente sedado e anestesiado,
portanto, ser realizada no centro cirúrgico.
O bloqueio do nervo supraescapular
(BNSE)
é um
método eficaz e seguro no tratamento da dor em enfermidades crônicas que
acometem o ombro, como lesão irreparável do manguito rotador, artrite
reumatoide, tendinite calcária, câncer, sequelas de AVC e capsulite adesiva
Uma das mais frequentes patologias de ombro
com indicação para o BNSE é a capsulite adesiva, que é uma síndrome dolorosa
caracterizada por limitação dos movimentos ativos e passivos desta articulação
em todas as direções, sendo que nenhum bloqueio mecânico possa e O bloqueio ou
infiltração com anestésicos no trajeto do nervo, em intervalos semanais, é
preconizado por alguns cirurgiões ortopédicos e em algumas situações, por isso
consultar um especialista em ombro é sempre a melhor opção.
A principal função dessa técnica é de
reduzir a dor e desconforto do paciente na fase aguda para que o mesmo consiga
fazer o tratamento fisioterápico, principalmente alongamentos, e
consequentemente ter uma recuperação mais veloz.
A técnica consiste na injeção do anestésico
na fossa supraespinal do ombro acometido, com o paciente em posição sentada e
com os membros superiores ao lado do corpo.
Este método de tratamento pode ser
utilizado principalmente em casos refratários a outras terapias para controle
da dor no ombro.
Quanto tempo deve se utilizar a imobilização ?
O uso da imobilização após a infiltração seguida de manipulação
articular do ombro não se faz necessário. Pelo contrário, o seu uso é
contraindicado. O paciente deve dar início aos exercícios de alongamento
conforme tolerado para manter o arco de movimento adquirido no procedimento.
E quando iniciar a fisioterapia?
Idealmente a fisioterapia deve ser iniciada
já no dia seguinte ao procedimento para manter o ganho do arco de movimento
adquirido.
A
maioria dos doentes submetidos à infiltração seguida de manipulação articular
para o tratamento da capsulite adesiva apresenta muito bons resultados. A
primeira semana após o procedimento pode ser um pouco dolorosa, porém já no
primeiro retorno com uma semana a maioria dos pacientes relatam uma sensação de
alívio, como se algo que estivesse amarrando e segurando o ombro estivesse
solta. Dirigir é permitido conforme tolerado já de início, assim como demais
atividades que não exijam força excessiva.uais são os resultados?
Como é a cirurgia para o tratamento da
capsulite adesiva?
Em casos selecionados e sem melhora com os
tratamentos já mencionados acima, pode ser indicada a liberação articular
artroscópica do ombro congelado.
É um procedimento cirúrgico, no qual uma
câmera é introduzida dentro do ombro através de pequenos furos na pele e, a
partir da visualização direta interna do ombro, é feita uma liberação 360 graus
da cápsula articular, ou seja, a cápsula articular do ombro é cortada em toda a
sua extensão para que assim o ombro possa a ficar livre novamente.
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